Póstumo

Escrito na conjunção de estrelas

predestinadas por um destino irônico

a musa apareceu diante do humilde menestrel, dando-lhe um sorriso e um olhar lacônico, lembranças de um amor póstumo.

De um alaúde estilhaçado, a música surgiu em consternação.

A letra gritava freneticamente em meio a desolação, e se transmutava em versos de um amor tão impossível, que os céus tristonhos choravam como chuva de outono.

Os mortais fogem da tristeza úmida, de tudo que rasga, sangra,

Eles consomem com uma ânsia louca os horizontes ensolarados do amor feliz que a poesia superficial lhes dá e seus afagos banais.

Pois apenas nas mãos do poeta existe o final feliz...escondendo sobre versos seus próprios "ais".

Eles esquecem que a flecha no peito deixa cicatrizes sangrentas.

Marcas eternas que a alma reconhecerá em sua reflexão diária no cume das tormentas, que deixam vestígios que só o verdadeiro amor, nascido da cópula do prazer e dor, fica como memória...

Seja por onde for.

A memória daquela risada que o vento traz ... A memória daquele olhar que a lua evoca ... A memória do beijo que se perde num cravo, que acabou tão murcho como estes versos inacabados.