Trago no olhar
Trago em meu olhar, tantos mistérios velados, trago tantas histórias pra contar, mal acabadas, inacabadas
Trago palavras que não foram ditas
Trago todos retalhos da minha vida
Trago nesse mesmo olhar uma boa dose de caos, aflitas emoções
algumas pitadas de alegria, por que não?
Trago a opacidade que antes era brilho reluzente, trago a coragem de uma tenra idade, os resquícios de sonhos adolescentes.
Esse meu olhar que já presenciou tantas andanças, que já se perdeu pela dor da desesperança, ainda conserva mesmo de um jeito fragmentado tudo aquilo que sou, ou até mesmo o restou.
Esse olhar carrega uma fúria incontida, relatos de uma alma faminta, insaciável, incansável, um olhar transparente, sem véus, que ainda enxerga o amor, o lado bom da vida, o encanto da poesia.
Trago em meu olhar a verdade,
a vontade sem amarras, que não sonega
a liberdade de desnudar-me...
Esse mesmo olhar transporta-me pra outros mundos, que viaja no mais profundo de outros olhares,
que revive... de desejos cerram, entreabrem, que sentem a maldade,
e até mesmo a verdade, que saltam,
se entregam a visão desse meu olhar.
Olhar que dilata minhas pupilas, pairando em outro tão profundo olhar...
Trago ainda nesse meu olhar, as memórias de uma vida, as dores, os amores, perdas, partidas, tantas idas e vindas, ainda trago a inspiração, a procura...a imensidão de uma alma que não cabe, que se liberta, e transborda em meu mais infinito, intenso...olhar,
nas linhas do meu versar.