BALA DE PRATA
Hoje, vi um conhecido. Suposto douto afortunado, mero conhecido desconhecido… Estendi-lhe a mão. Naturalmente, recusou a saudação com máxima autoridade coisal. Esperadamente, ofertou as juntas. Dá de si quem tem!
Abruptamente, recusei as juntas disjuntivas. A criatura considerava os outros culpados e condenados pelo ato de existir. Salve o sorriso franco sem máscara virtual ou real! Ode ao abraço sem pejo! Aplausos à singela e bela mão estendida! Ovacionado seja quem acolhe o cumprimento fraterno!
Os piores flagelos da humanidade não são vírus, bactérias ou protozoários, mas a falta de alteridade, o asco e a insensibilidade dos próximos e distantes, a negação da solidariedade, sobretudo, ações inscientes de cordeiros rumo à expiação.
De quando em vez, a bala de prata é desejável. Imprescindível quiçá! A sabedoria do bem viver desafia simplicidade e reta ação. Hoje, vi pedinte desmascarado a sorrir. Sorriso brejeiro a esbanjar dignidade e alegria no ir e vir.
Sorriu-me com os dois olhos. Retribuí a injunção. Aquele homem era rico sem ter dinheiro. O sábio desconhecido provou ser gente de valor. Substancialmente, gente. Na vida, quantos há, apenas, parecidos com gente…
@engenhodeletras