CONTEMPLANDO AMANHÃS
por Juliana S. Valis
Amanhã escreveremos o amanhã,
Depois que a esperança voar no tempo,
Amanhã faremos tudo e mais um pouco,
Mascando o louco céu e o mar entre ideias
E estrelas como um luar de sorte,
Talvez possamos transbordar ao norte, em sonhos,
Quando sonhar sem fim é a melhor parte
De tudo que ainda faremos, amanhã ou depois,
Nas miragens mentais de qualquer vã filosofia !
Sim, no mais, amanhã faremos de tudo,
Amanhã, ou depois de amanhã, sem hora,
Iniciaremos dietas e metas em home office,
Como setas de uma sensação que implora
Algum sentido maior na vida e na história,
Mastigando ideias como chicletes em bolhas do acaso,
Nesses infinitos universos paralelos de outrora,
Onde encontramos, por ora, a permissão de sorrir
E não mais fingir feito máquinas, sem sorte ou razão,
Que amanhã faremos algo a mais do que aqui,
Nessa lógica de consumir a insatisfação constante,
Caindo no instigante poço sem fundo onde nada basta,
Nesse mundo frenético onde sempre mais render, produzir,
É a lei suprema que atinge mortos e vivos,
Em furtivos complôs e cédulas de utilitarismo veloz,
Mas não somos esses belos robôs produtivos,
E talvez a preguiça esteja rindo de nós,
Enquanto procrastinamos esse atroz delírio
De que seremos perfeitos, e aceitos (sem fim),
Quando nossa profunda vontade é simplesmente voar,
Além de tudo que há na realidade virtual que vemos,
E talvez flutuar por sonhos impagáveis, aqui ou ali,
Velejando entre amores insones, que amanhã contaremos,
Enquanto a manhã, ao menos, foi na alma dormir.
Fonte da imagem:https://pt.picmix.com/pic/Noite-de-estrelas-4932231
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