Bobo da corte
Bobo da corte / por O.Heinze
Por minha janela simples
passam flores infinitas;
pássaros, insetos incansáveis;
nuvens e fragrâncias sonhadoras.
Tudo tem doçura intensa,
mas nunca chega a saturar.
Como fundo desse cenário
o silêncio da nova manhã,
ressaltando o zunir de asas;
o contato do vento nas folhas;
os múltiplos cantos ao léu.
Quase me esqueço do céu,
onde se acredita haver paraíso.
No chão um tapete de pétalas
para eu passar minha realeza,
sim, pois sou riquíssimo,
sem sequer me valer de moeda.
Minha coroa é um sol aberto;
meu castelo um amor incontido;
e meu reino não é deste mundo.
Santo André, abril de 2015.