O Observador
Eu me destruí
Ao acreditar que no futuro existiria um sonho
Eu me consumi
Ao esperar que eu fosse mais que um simples
Observador
Ignorante ao conceito de alegria e entusiasmo
Observador
Servindo apenas para compartilhar da felicidade alheia
A dor do meu peito não é uma mentira
Não é um dos meus delírios diários onde eu me vejo
Vivendo
Acreditando numa versão minha que nunca existiu
Sendo capaz de fazer feitos que eu nunca fui capaz
Não sou o que eu queria ser
Sou apenas aquele que deve observar
Seu sucesso
O sucesso de dezenas de outras pessoas
Enquanto agonizo
Acreditando que eu sonhar durante o dia
É o bastante para sobreviver outra manhã
Enquanto descrevo para mim mesmo
Eventos de outro eu que nunca existiu
Um eu sábio
Um eu capaz
Um eu que nunca se tornaria
O eu verdadeiro que eu sou na realidade
Cujo senso de self se partiu
Entre acreditar numa bondade que eu vejo em mim
E nos atos desaprovados por mim mesmo que cometo
Mais um eu
Que eu finjo acolher
Sou apenas a sombra
De quem eu gostaria de ser
Queria simplesmente rir
Da insanidade que é minha existência
Mas eu somente sei me enganar
E mentir com "este seria o rumo
Da vida que eu viveria
Se eu tivesse mais inteligência
Dinheiro
Capacidade
Força de vontade
Se eu fosse alguém
Que não sou quem eu vejo no espelho"
Aliás, bom dia
Sim, eu acordei bem
Foi somente o peso em meu peito
Ao cair de face com o chão
Esta é a realidade
A carne consumida por minhas falhas
Este sou eu
Fracasso
Irrelevância
Mas estou aqui
Para observar, torcer e aplaudir
Sempre que se distanciar de quem eu sou