O frio e o cobertor
Zero hora, fugi de casa, é que tenho alma de moça recém chegada, ao mundo adulto... Quando olho daqui de cima, para a minha cidade, e com a emoção de quem contempla o mundo do vigésimo andar, ou na emoção do vai e vem de carros, que beiram o mar, ou do medo, em cima dum viaduto, mas não, eu estou numa janela sem vidros e sem tela, e desprotegida não me sinto, pelo jeito como amo a vida, vivo à contento, daqui é como se eu olhasse para as serras, de tempo nublado, pisando sobre a rosa dos ventos, ou em Gramado... e a vontade que me dá, sentindo o tremor da sensação da adolescência, ao vislumbrar e conhecer o vulto ao longe, do seu primeiro amor, aí me dá uma vontade imensa de sentir o mesmo frio que agora você sente, não o frio na barriga, do amor adolescente, mas o frio de oito graus, logo eu, acostumada no meu Nordeste do sol natal, vermelho, da paixão, já pensou? Eu debaixo do seu cobertor...? Imagine, o que não iria faltar era amor.