Abrigo da alma





A minha alma se enternece ao olhar o colorido da vida,
o verde das plantas e suas cores, passa horas deslumbrada
com as flores, amo aquelas que só se abrem pela manhã.
Minha alma se distrai com bobagem, modificando
as horas, só lê as boas mensagens... vai por aí, pousa em
qualquer galho desfolhado, para ver o sol se pôr, continua
entregando-se as suas letras, às estações, a minha alma
fácilmente se ilude, ela se dedica as folhas e as flores
que despregam-se e são levadas pelos ventos, também vai 
parando, e com aquelas flores que nascem pelos asfaltos,
o que elas dizem, a alma vai escutando, elas se comunicam
comigo... como à dizerem que viver é mesmo um desafio,
diz pra eu não ouvir quem reclama demais, deixo para trás.
A minha alma ama os pássaros, em especial, os pássaros 
meus vizinhos, que cedo saem, mas sempre cantam a liberdade,
esses que me encantavam, quando eu estava sem poder sair,
alguns deles, ficavam, e cantavam pedindo pra eu esperar
a alegria que estava por vir. Eles, por um longo tempo, todas
as manhãs, me fizeram companhia... A minha vida voltou quase
ao normal. Hoje ao voltar para casa, no final do dia, ouvi um deles
num canto dum galho, na rua, quase num grito, à me chamar,
contente, sim, ele com certeza chamava por mim, me viu passar
_ Ela saiu! Saí, da gaiola já esquecida, ele só estranhou, não viu
o meu costumeiro sorriso livre, agora encoberto, sufocado, 
ao chegar em casa, por fim, recuperado. Eles já foram dormir,
um a um, amanhã cedo voltarei a ouví-los, sairão da mesma
árvore, velho abrigo, pássaros amados, vizinhos e meus amigos.



 
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 15/06/2021
Código do texto: T7279602
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