Coração costurado
Este coração...
Que bate no peito apressado, descompassado, é um coração tantas vezes ferido, atravessado pelo aço das desilusões
Pela espada invisível nas mãos dos incautos, dos tropeços ocultos sob máscaras de afagos.
Este coração, esse músculo que pulsa veloz, é um coração costurado, tantas vezes remendado.
Alinhavado ao tempo em meus arremedos,
Tempo... senhor de tudo
Fazendo das minhas desventuras, meu inabalável escudo.
Este meu coração, tantas vezes massacrado, tantas vezes refém da dor
Cansou de apanhar;
Cansou de se partir.
Por tantas vezes feito em mil pedaços, um monturo de sangue e carne fragmentados.
Hoje esse meu coração pulsa vida
Mostrou-me que ainda sinto, ainda sofro,
Engana-se e ainda desfaz-se no ardor de tantas ausências sentidas.
E mesmo costurado, ecoando vazios
este meu coração sobrevive
ele pulsa mais forte, endurecido por tantas sangrias
Ele grita, mas tange como aço enfurecido
No senhor tempo, que cuidou as tantas vezes que ele foi partido.