Atmosfera cinzenta
Estou submergida –
Tentando digerir toda essa atmosfera cinzenta.
Uma realidade que não acalenta –
E sim asfixia!
Pais perdendo seus filhos;
Filhos perdendo seus pais;
Mães que não tem o privilégio de ver os filhos nascerem.
Porque são arrancados de seus ventres por armas de fogo.
Uma violência desmedida –
Que faz sangrar a alma.
E nós?
Os que aqui ficamos nos deparamos uma realidade paralela, que por mais que nos esforçamos para que tudo seja mais leve e diferente –
Faz com que tudo seja mais pesado.
Moradores de comunidades:
Somos condenados –
Somos massacrados –
Pelo Estado que não protege, e sim condenada.
Sem ao menos projetar –
Tomamos um soco de impotência no estômago –
Ou uma arma de fogo:
Quando apontada, corre-se o risco de atirar.
Caímos de joelhos –
Na tentativa de respirar.
A cabeça atordoada, imaginando uma ilusão.
Mas não!
Mais uma vida –
Menos outra vida –
Mais uma vítima.
O algoz não pergunta quem é, ou o que representa!
Outras tantas mais condenadas pela falta de oportunidades.
Asfixiados –
Tentando respirar –
Andando em fila indiana –
Na expectativa de não ser o próximo –
Na infinita estatística!
Basta de violência!
Basta de nos matarem!
Moradores da comunidade,
Só tem um desejo:
De fugir da brutalidade –
Aquela que oprime,
Transformando a realidade!