A idade da alma
O alpendre do fundo do quintal, nesta manhã me trouxe um pássaro cantando no oitão, só e desiludido. O banco antigo de madeira, invernizado, não disfarça em seu desenho, a sua hera, nele tanto espaço vazio.
Silenciosa, sentada, observo as flores de ipê do quintal do vizinho, que vem cair do lado de cá do meu jardim, a qualquer hora, bem devagar, deixando lindo e amarelado, o chão por onde caminho... é como um carinho das flores, indicando um fim de um inverno que não aconteceu, elas vem, querendo me animar.
O vento é intenso, parece que vai chover... sim, ele sopra muitas coisas. Enquanto não cai a chuva, enxugo as minhas lágrimas. A falta de você que vive em meus pensamentos no ritmo do meu respiro.
À mesa, lápis, papéis em branco e saudade espalhados, a vontade de escrever não vai chegar. As flores continuam a cair, o que o vento soprou? _Soprou para a minha alma, uma idade, querendo que ela fosse se aquietar, ela por sua vez respondeu _ A alma não tem idade, ela mira apenas no que lhe traz felicidade, há muito ela enfeitou as suas asas com flores e voou, nem quis ouvir o vento, muito menos o tempo, somente o amor, ela abraçou.