O "ser" Poeta
O poeta não escreve poesia,
ele é poesia, sentida, declamada, escrita;
O "ser"poeta é viver, é olhar ao redor diferente de toda gente, transbordar-se quando todo sentir torna-se um fardo pesado demais para suportar, e quando derrama-se em versos, percebe que não está sozinho em seus absurdos poéticos.
O poeta nunca deseja escrever, nunca quer sentir, difícil é desnudar-se, externar sua essência inquieta, colocar-se vulnerável, ditar amores, dores, dissabores, é uma luta constante,
um conflito angustiante, escrever para o poeta é muito mais que escrita, é necessidade de dar vida ao impossível, exprimir o inexprimível,
é rasgar o verbo, evidenciar o indelével.
É uma necessidade dorida, de gritar seus desejos através dos dedos que compõe a poesia, é transbordar de tantos desejos, querer, almejar sem sequer saber o que de fato deseja alcançar, e quase sempre o único intento é esvaziar-se de si mesmo, de seus pensamentos... seus sentires gritantes, cortantes, barulhentos.
O poeta escreve utopias, muitas vezes banhadas em lágrimas, pra aliviar sua vida sombria, ele é dono do seu universo, senhor do seu reino, mergulha em seu caos, criando mundos paralelos, adentra outra dimensão, caminha entre o céu e o inferno na criação de seus versos, sua benção e sua maldição.
O poeta é um ser faminto, pedante, que tem urgência, fome e sede de infinito, ele é inconstante, nada lhe basta, nunca cessa essa ânsia extrema que o condena e o exalta.
O poeta escreve, esvai-se, atreve-se em dar à luz a seus filhos, seus amados rebentos, seu legado... escreve mesmo que nada mais faça sentido, seu clamor arranha, debate-se aflito, rasga-se,
ele esta fadado a dar seu sangue, sua alma, seu grito, sua marca...
sua identidade.
Ser poeta, é ser um desvalido, as vezes um palhaço triste sem circo, um bicho sem aprisco, um condenado já perdido, que guerreia contra seus ecos, seus vazios, seus excessos, que dá voz a tantos gritos, tendo em mãos uma única arma letal...seu elmo reluzente(seus versos).
Pobre poeta que já morreu infinitas vezes, na sarjeta, desiludido, na solidão,
Nobre poeta que sempre renasce das cinzas quando verte a sangria de toda sua imensidão.