LUXÚRIA PELA MORTE
Sim, eu tenho aquela velha luxúria pela morte
Eu sou adorador de uma coisa que não conheço pela débil desculpa do preparo e por ser covarde perante a existência
Se o fim é certo todo o resto antes dele merece um desconto
E assim eu vivo...
Sem acelerar demais nem frear sempre
Nessa zona débil e descolorida que chamam de "vida normal"
Até que evoluí por me achar machucado em vielas e becos sem sequer lembrar do fato
Sou aquele jovem ralado e com olho caído no canto do bar que faz espaço sem estar
Queria ter algo a dizer mas minha garganta vive seca e sou meio desinteressante
Te perdoo por não puxar assunto pois eu faria o mesmo
Num dia frio de maio as blusas são maioria e quem não veste uma tem o miolo mole
É o dito popular e eles sempre tem razão
Quem dera eu pudesse fugir disso na minha razão rasteira
Só que o muro pixado não deixa...
Nem o miojo frio esquecido na pia
O mundo jaz no maligno e os detalhes são puro horror
Eles se esgueiram por baixo da sua cueca cheia de furos e da sua camiseta de pseudo-algodão
Eu sei como é...
A coceira é igual
Começa na nuca ou perto do ombro e se espalha
Só que não é um inseto nem sujeira
Nem poeira nem ódio nem desassossego
É o mundo te chamando
Pra se juntar ao caos e aceitar sua condição de soldado no exército dos calouros
Um dia veteranos
Um dia sargentos
Um dia de alta patente
Um dia homens de bem defensores da moral que cavalgam o pensamento
Como cabras no cio
Eu sou essa gênese e sorrio em êxtase
Clamo aos meus iguais e dou minhas boas-vindas
Ao novo.