Meia Noite

Horas vazias empurram os ponteiros do relógio na parede. Em névoa está a tela tentando decifrar inspirações. As esperas são esfomeações mastigando tempo e engolindo em seco as ansiedades.

Lá fora o frio arrepia poesias. Na sala um som de piano arranha o silêncio. A noite quieta na sua solidão inventa mistérios e receios; e se quebra ao meio na demarcação da zero hora.

Ventos perdidos seguem boêmios pelas arrumações mais lindas que as folhas caídas no chão, fazem em saudades; E desarranjam-nas misturando cores de outonos. Na manhã os tapetes floridos sempre se mostram estendidos sob orvalhos para passeios nobres de raios de sol, que se aventuram pelas frestas dos nevoeiros.

A madrugada segue emoldurando a insônia, usufruindo de suas teimosias em tecer histórias com capítulos repetidos. E a brancura da tela permanece. Ilusões desfiam palavras em vogais e consoantes e sem significâncias acabam por não dizerem nada. O poema se deixa sem o parto e o berçário da inspiração sonha acalantos.

Da sala para o quarto, vagueações... Da mente para o peito, pulsações. De poesias mais belas, somente o corpo da amada nas mais doces recitações dos desejos sobre a alvura de sua pele nua e cheirosa. Coisa mais linda de se ver.

Takinho
Enviado por Takinho em 08/06/2021
Reeditado em 28/12/2023
Código do texto: T7274278
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