A Rosa e o Cravo

Uma Rosa, seus espinhos, sua cor escarlate, sua presença marcante, tão segura e provocante. Temida por outras flores, desde as simples Margaridas até um Girassol arrogante.

Que quase sempre lhe dizia:-Ó,Rosa atrevida Rosa, não queira sempre brilhar, fui pintado por Van Gogh e tenho a quem reclamar.

Foi reinando absoluta, até o Cravo chegar. Imponente e sedutor, espécie única entre, Hibiscos, Gerânios e Dentes-de-Leão.

Curioso ele ria das Onze-Horas, que só floriam e morriam por volta do meio-dia.

À noite ele sentia um perfume tentador. Inebriado, ele não entendia o porquê ao amanhecer do dia, ele não mais o sentia, era a tal Dama -da -Noite, que ele nem conhecia.

Mas a Rosa estava lá, ele quase não a via, e seu

perfume suave ele sequer percebia, se outra flor se aproximasse com seus espinhos a afastava.

A Rosa muito carente foi ao encontro do Cravo, aproximou- se devagar, ele ficou encantado, mas foi logo a avisando:-Fique quieta no seu canto, não tenho medo de espinhos, mesmo que eu não os tenha, posso até machucá-la!

Ela muito atrevida

prontamente respondeu:-Se não tens medo de espinhos, o que terás a perder?

Com meu perfume suave, posso te surpreender.

A Rosa ficou por perto, quando o sol esquentava, ela lhe fazia sombra e quando a chuva caía, ela retinha

os pingos e só o orvalho ele sentia e assim o protegia...

E o tempo foi passando, muitas coisas acontecendo.

O jardim tão belo outrora foi desvanecendo, o Cravo foi arrancado e a Rosa o acompanhou. O jardim ficou tão triste, que a primavera chorou, perdeu a Rosa tão bela e o Cravo que a encantou.

Em outros jardins distantes, a aventura não parou, entre sorrisos e lágrimas, unidos ou separados, estão sempre apaixonados, pois o encanto não acabou.

Tempestades e calmarias, mas talvez quem sabe um

dia, eles encontrem a paz, na sombra de um limoeiro

ou debaixo dos laranjais.

Leila Mustafa 🥀 💔

Poema escrito em 2009.