Não tem explicação
Os dias estão mais longos, ou mais curtos
Não existe mais a ansiedade ou o medo...
Todo final de tarde, eu e os meus irmãos ficávamos ao portão
Pelo lado de dentro da cerca
Esperávamos a boiada passar
E os boiadeiros ao longe gritavam indicando o rumo do gado
Era raro aquele que fugia do rebanho
O silêncio da rua, a falta de movimento, a saída
A chegada, a falta dos sorrisos
A falta das vozes em coro dizendo bom dia!
Sou àquele que fora do rebanho, se perdeu
Sou uma alma que caminha só pelas ruas
E que chegando aos corredores, às salas antes lotadas
Mistura-se ao silêncio
E o nada por trás das vidraças
Uma tristeza que não tem acolhimento num coração vazio
Não tente entender, o que só eu sinto, e o silêncio nem sempre
Diz tudo o que eu preciso ouvir, mas é sempre
Um incentivo à mudanças, a falta das palavras
A ausência de alguns companheiros
Que partiram, e deixaram o meu coração partido
E todas as manhãs, parto para a guerra.
Liduina do Nascimento