Quando de poesias fico prosa
Quando de fiapos eram as poesias e eu ficava prosa com elas, era porque eram de amores e solidões. Poesias são mansidões extraídas de turbilhões. Em tantas existem lágrimas, em outras, risos. É que a quietude dos versos e a mágica das palavras são a intensidade dos silêncios gritantes. A alma traceja bordas para suas mais variadas estradas. E se deixa descansar ou aturdir nas suas paisagens emotivas, a cada caminhar. Por isso os contrários sempre se tocam e sabem da importância de suas diferenças. É preciso a existência de um para o sentir do outro. Atração e repugnância comumente se entrelaçam.
Quando de farrapos se vestem as poesias, desnudam-se os poetas de suas dores e tristezas. Pálidas são as noites sob o luar frágil de um abajur sobre a escrivaninha com pedaços de papéis amassados, cheios de palavras tintadas e contorcidas na desistência das frases que parecem imperfeitas. Rasga-se o verso, mas nunca a ideia. Poeta é insistência, seja para cultuar o amor, ou para expulsar a dor.
Quando de barracos são as moradas da inspiração, se arquitetam mansões em versos sofridos. São amores e saudades.
... E são maravilhosas as paredes de teus lábios cercando os meus de beijos. E ficam lindos os telhados enfileirados em recitações sobre teus cílios cerrando em prazeres e sedução, o céu arregalado do teu olhar.