Solidões góticas
Silentes os charcos provenientes da comunhão das lágrimas com o gélido das solidões mais doídas. Sibilam ventos medievais pelas ruínas deixadas nas existências extinguidas. Portais do tempo, invisíveis nas suas transições, deixam resquícios de saudades. As eras se interligam mesmo com as mudanças mais radicais. Os séculos se fazem pelas esperas e pelas quimeras. Viver é ressurgir em qualquer tempo e espaço.
O amor é gótico pelas dores que o circunda. É como vitrais em cores lindas, mas que tem pano de fundo em negrumes. É que o amor é de indecisões e de precipitações. São abóbadas de emoções coroando magnificências do ser, mas sustentadas pelo próprio ser.
As esperanças são pontilhados adiante do começo das frustrações.
Recônditos da alma são inexauríveis e guardam memórias tantas, que o lúgubre fascina-se pelo lúdico e vice versa. É como coletânea que se escraviza pelo ato de colecionar apenas.
... E assim, o álgido das solidões góticas é na verdade o cálido dos sentimentos, talvez mais bem sentidos.