Efeito borboleta.

Não confere um peso muito grande a qualquer decisão pensar que todas elas são determinantes? Toda escolha implica perda e fica difícil não pensar naquilo que você está abrindo mão ao fazer uma escolha, por menor que seja, se lembrar do quão pequenos podem ser os fatores que determinaram grandes coisas na tua vida.

O bater de asas de uma borboleta pode causar um furacão.

A relação de causa e efeito. É por isso que se me perguntar se eu mudaria algo no passado da humanidade eu diria que não mudaria nada. E alguém pode pensar: Nada mesmo? Nem o nazismo? Nem o nazismo. Nem a solidão de Van gogh, nem a morte do Júpiter maçã, nem a ouverdose da Janis Joplin, nem o tiro de John F. Kennedy. Ou, com isso, eu poderia — e pelo impacto dessas coisas, muito provavelmente iria — mudar bruscamente a linha do tempo, a ponto de causar a minha inexistência.

E não salvar tantas vidas para preservar a minha tem como premissa primordial o egoísmo, não direi que é por outra coisa, mas em minha defesa, minha inexistência não séria a única a ser decretada com essas correções na história.

Eu quase não consigo suportar, quase não consigo caminhar sem pensar no peso dos meus passos. E se, em escala cósmica, eu não estou contribuindo em doses microscópicas para algo terrível e sórdido? Fico quase neurótica, numa paranóia sísmica e sistêmica. Esbarrando em todos os eus que eu nunca me tornei, que tomaram as decisões que eu hesitei ou hesitaram quando eu descidi. Invariavelmente essas coisas me fazem olhar pra mim como quem olha por um binóculos ao contrário, minúscula. Me sinto suspensa e sustenta sobre uma grande pilha de nada.

Lilith_
Enviado por Lilith_ em 30/05/2021
Reeditado em 30/05/2021
Código do texto: T7267713
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