PÁGINA EM BRANCO
A página em branco me dá medo
Me sinto um urso perdido no Ártico
Na imensidão branca do gelo.
Sou tão insignificante nesse momento
Fervilha de palavras meu pensamento,
Mas aleatório, sem direção nenhuma.
O que fazer mediante a esse infinito
Com infinitas e indefinidas possibilidades,
No entanto, sem norte, sem bússola?
Não nego, me sinto pequeno!
A sensação é que há uma curva
E o medo de não saber o que vem depois.
Aos poucos vou salpicando palavras
E a imensidão branca toma forma
Se transforma.
Por vezes me encanta,
Noutras desaponta
Então vem o delete
E o branco assustador volta.
Dessa forma teço minha poesia
Nessa imensidão tão vazia
Da minha página em branco.
Quando a poesia é um encanto
Ela já não é mais minha
Pois em cada canto que ela toca
Pode causar repulsa ou fofoca,
Assim ela atinge o ponto ideal.
Poesia que não incomoda
É como um barco a vela
Sem vento para o guiar
Se ela não incomodar
Se torna apenas palavras, balela.
JOEL MARINHO