TETRO
Hoje o meu coração amanheceu trancado; nos olhos, o cheiro da chuva anuncia o temporal, o vento da solidão abarca meu peito, é mais um dia nublado. O que aconteceu com os risos que habitavam em mim? Onde escondeu-se a esperança dos meus amanhãs? O que houve com a música que embalava meus lábios? Rasgos de mim cobrem o céu, num lamento infinito. Seguro-me firme na fé que ainda resta, talvez ela floresça um dia azul no jardim da minha alma, ou quem sabe, traga-me de volta a alegria do cantarolar dos pássaros no entardecer. Por ora, quero esquecer-me da existência que me envolve e me esvaziar de todos esses pensamentos que me preenche. Anestesiar o espírito talvez seja o ponta pé que preciso para recomeçar.