Conversa de Outono
Meus passos pisam folhas secas, que o orvalho beijou de madrugada. E sigo alheia pela bruma agora fria de um jardim de outono sonolento.
As cores agora já não são tão intensas, nem vibrantes. O tempo faz uma pausa para recuperarmos o fôlego gasto nas chamas intensas do verão, que se foi.
Assim, os sentimentos finalmente se aquietam e esperam retomar a calma e a sensatez da realidade dessa estação fria e real. Sem o calor das emoções efervescentes e seus sonhos de primavera.
Aí, penso:
- Que fale, então, a luz da Realidade e da Razão.
Mas, não adianta. Uma vez que a realidade do presente é hoje inesperado. Não foi antes imaginado e só resta nos adaptarmos a essa nova era do inesperado.
E o tempo ganhou outra dimensão. Os dias se arrastam e se repetem como se fossem todos primeiro de abril, que começou ontem no hoje e amanhã.
E assim somou-se um ano, indo para dois ou mais?
Nada sei mais do que soube ontem. Só sei que no espaço vazio cabe tudo de bom e de mau. E todo cuidado é pouco para não nos perdermos nos atalhos dos segundos.
O tempo e um sábio mestre que ministra aulas na dosagem certa e no tempo oportuno.