Ninguém cala nossa voz

Ninguém cala nossa voz

Ouço um ruido

Ao longe um um grito sentido

Um eco talvez sob o assoalho do coração petrificado.

Há um clamor infinito por sob o verso escrito

Há um grito incontido sobre as palavras que tentam em vão calar-se

Vou de remanso, quase inerte, escutando o canto, o pedido de socorro, como pássaro ferido

que mais parece chorar...sucumbir

Mas tudo é silêncio, como posso ainda ouvir?

Essa voz, esse lamento... agora sei, ele vem de dentro, da alma ferida, escondida que submerge das cinzas.

Em passos lentos, que torna-se um estrondo, o canto longínguo de vários pássaros em sua revoada no grito pela liberdade conquistada, que outrora fora usurpada.

Uma alma e seus arremedos, por tantas vezes calada, uma genuína maria, uma voz de tantas Marias em um corpo que não se inclina.

Vejo à beira do abismo, uma luz ressurgir, sob a escuridão as asas se abrirem

Ouço o clamor que vozes antigas, uma revolta sem medidas contra frívolas reprimendas, de almas vazias que não conhecem a fúria de uma Maria em meio à tormentas.

Maria que se opõe a toda opinião contrária, essa voz de alarido contra todo e qualquer eco que ofende, que não sente o significado de uma essência plena.

E mesmo sob as chagas causadas, sob a casca bruta que sufoca a voz, a carne, as juntas, mesmo sobre os golpes que corrompem minha armadura,

E mesmo que tentem macular, reescrever minha voz, minha essência... meu grito como um pássaro livre irá ressoar, por sobre aqueles que tentam meus passos aprisionar, o que vem da alma de uma Maria, nenhum eco dissonante é capaz de calar.

Heterônimo

Maria Mística