Lírico líquido
No horizonte, o sol se põe e inicia-se mais um sono eterno entre tantos envoltos em terra fria. A missão fecunda a transformara em mártir e não resistira a tantos sofrimentos.
As dores de uma cessaram, enquanto que a angústia da outra só aumentara vivendo com sua contínua ausência e enfrentando as circunstâncias cotidianas no incômodo silêncio.
A nova estrela celeste brilhava distante e inanimada fora testemunha das lágrimas sufocadas pelo sorriso apático mendigando migalhas de afeto no plano terreno.
A hora derradeira represou um mar de lágrimas em que expressariam o mais sincero e profundo estado da alma.
A vida lhe presenteou com uma sucessão de repressões e suas insistentes lágrimas foram podadas uma a uma pela hostilidade mundana. O mundo sabe muito bem maltratar um órfão.
A superficialidade da manada no cenário terreno faz com que sejam acolhidos os sorrisos e sufocadas as lágrimas vitais.
Elas não nascem quando a vida morre. Elas nascem quando o amor morre. E nessas janelas fechadas da alma, vertem lágrimas como fontes e jorram na cachoeira do meu olhar interno, lacrimejam por dentro com a força indomável de uma represa. É a emoção forte somada com o coração sensível que resulta em lágrimas e rolam como desabafos.
Lágrimas são antídotos curativos que libertam, são desabafos da voz impedida de expressar a dor da convivência com as ausências em vida e em partida.
Em cada lágrima há uma gota de esperança, há dor, há amor, há ausências, há emoção, há comoção, há vida...
Aquelas que não foram derramadas, mostraram a sua nobreza se transformando em lágrimas poéticas e somente são acolhidas por aqueles que já as experimentaram.
Talvez Deus tenha tido compaixão na despedida, pois enviou uma nuvem das Suas para amenizar a solidão de todas as que foram engolidas.
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