A passarada se alvoroça, é hora de retornar ao ninho, a cantoria enche o céu enquanto eles voam em direção ao lar. O dia silenciosamente se vai, sem pressa ele se despede, escondendo-se atrás das montanhas como quem brinca de esconde-esconde. A noite se achega, manhosa e fria, estendendo sobre o meu quintal o seu manto pontilhado de vagalumes, encanto meu, que de minha rede observo a maestria de tal perfeição. A chaleira apita, avisando-me que a água está quente, um café quentinho vai sair e uma prosa nova vai surgir. No partir do pão, gratidão, pela noite, pelo cuidado, pela vida, pela criação, pelo simples ato de respirar, uma dádiva que nos passa despercebida e da qual, sem ela, a vida não pode ser concebida. Ah! Cá estou a rimar, culpa do café! Mas ouvir o silêncio me deixa assim, apaixonada por quem o fez, cada detalhe foi minuciosamente pensado e entalhado com amor. Há quem pense que tudo se deu devido a uma explosão, não discordo, pois tamanha foi a explosão do amor de Deus que Ele não se contentou em criar somente céus e terra, então, nos fez, para governarmos sobre todo o universo. Perverso, o homem fez-se deus e sendo ele divinisado, tudo lhe é rogado 'sua criação', logo, em seu mundo não há Deus, porque ele mesmo o é. Há quem se ache superior a esse ponto, mas eu fico com aquele antigo provérbio: 'O orgulho antecede a queda'. Já eu, bem, eu prefiro ser a parte imperfeita da criação e todos os dias ter o previlégio de ouvir o meu criador sussurrar ao meu ouvido as mais belas poesias de amor.
Assim termino o meu café, sabendo que em mais um dia, seja ele feliz ou não, próspero ou não, saudável ou não, o eterno cuidou de mim.
Assim termino o meu café, sabendo que em mais um dia, seja ele feliz ou não, próspero ou não, saudável ou não, o eterno cuidou de mim.