O Porre Perfeito

Precisei do porre, da bebida mais ardida, que me tirasse do foco de não poder ama-lo e precisar recuar dos meus impulsos mais apaixonados, foi assim, de gole em gole, que me hipnotizei de outras sensações que me fizeram apressar para mudar o pensamento e esquecê-lo.

_____

Bebi no gargalo, eufórica e abusiva, no estômago queimava a ferida, nervosa, irreconhecível, vívida, límpida, na dor despida, e para quem pudesse ver, havia uma sombra púrpura de raiva e decepção, tudo em mim era ingratidão, desprendida de razão ligava-me a própria rejeição.

_____

Aos tombos levantei para cair, zonza, sem conseguir ser banhada por um chuveiro morno, perdurava frio e calor, que não resgatavam lembranças de um fogo ardente em êxtase antes entregue por lealdade, e a máxima conquista era segurar-me as paredes, pintadas de solidão e medo.

_____

Sentido o rigor do teor, incapacitada de exercer uma só defesa que afagasse o meu ser devastado, deixei na porta um bilhete vergonhoso, sai maltrapilha, com o rosto borrado, os cabelos desfeitos, desprovida, valendo-me apenas de uma lógica desconhecida que me pôs de pé.

_____

O porre era poético e não abandonei a casa, estou deixando a causa, para que a deixa de outros amores me despertem melhores sentimentos, me deixei embebedar por minhas palavras, porque sabia que nelas encontraria o porre perfeito e a minha reconexão.

CarlaBezerra

Divina Flor
Enviado por Divina Flor em 11/05/2021
Reeditado em 11/05/2021
Código do texto: T7253112
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.