[Uma Casa a Meio Caminho do Inferno]

[Aquela casa nos chama sem cessar, a nós, todos os loucos por amor]

Escreverei agora, a teu pedido, é claro,

o meu poema em teu corpo;

quero traçar com os meus lábios

o sublime caminho do teu gozo!

Diga-me: estás a um passo do inferno?

Então, se é assim, estás bem perto de mim;

eu te espero naquela Casa a Meio-Caminho,

e te digo: dá, não um, mas dois passos — ousa!

Eu quero os teus gemidos, os teus gritos;

não mais bastam as palavras escritas;

estas, eu já te disse, vibram lúbricas cordas,

mas, no entanto, são mudas... mudas!

Diga-me sim, o que o teu corpo deseja,

não fujas, não temas: corre para a luta,

corre para o embate dos nossos corpos,

vem por sobre mim, abre-me a tua cona,

deixa o teu almíscar de fêmea no cio

molhar os meus lábios sôfregos, e depois,

partamos numa cavalgada rumo ao gozo,

até quando as estrelas se apagarem!

Sim, escreverei o meu poema no teu corpo,

com os meus lábios quentes de desejo,

percorrerei ébrios caminhos na suavidade de tua pele,

e num longo beijo, fabricaremos o silêncio...

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[Penas do Desterro, 25 de janeiro de 2007]