NUVEM DE ALGODÃO.
E quando por elas procuro, as palavras, guardadas em nuvens, algumas com leveza de algodão, outras, tão intensas quanto trovão, desordenadas, embaralhadas, repetidas, atrapalhadas...Caídas no papel pautado em brancura amarelada, por vezes, amassado; ofegante, respiro. E transpiro e inspiro e expiro. Pela janela, espio belezas, expio tristezas e aguardo letrinhas...caídas do céu. Em orações coordenadamente, assindéticas rezo e justaponho os pensamentos em fragmentos dum sentir. Em chuva de letrinhas, pingadas dum piscar, borrada a escrita, tento apagar. Abortada tentativa; rasurada a história, capítulos perdidos. Janela fechada e olhos cerrados, sonho. Recito. Palavras arrumadas enfeitam o poema. No azul celeste, reorganizam-se as rimas. Novamente, brilha o sol, em nostalgia e fantasia, renasce a poesia...
Elenice Bastos.