O choro da Urutágua Sergipana

O choro da Urutágua

Eu rasgo palavras... Engulo os sentimentos...

Espalho o choro e me lanço ao vento... Canto!

Corro veloz no vale das lágrimas e na montanha da sorte.

No campo da morte eu passo... Em vôo livre...

Como livre é meu juízo. Sem compasso...

Por fora, sou ave-do-paraíso... Rara beleza...

Que encanta a natureza com suas penas exuberantes...

De tão negras, reluzentes, radiantes...

Mas por dentro sou Urutágua! A ave fantasma!

Mãe-da-lua... Que a morte chorando cultua

Sofrendo a ausência do seu amado...

Fecho os meus olhos mágicos pra descansar

Mas ainda o sinto... O desejo...

Sei que ele está por perto, mas não o vejo.

Então choro feito criança lamentando a falta...

Cá da minha estaca vivo gemendo em ais...

E chorando ainda mais o amor que morre...

Mas renasce intenso e dói demais.

Discriminada, ouço: Ave agourenta! Cala-te!

Ninguém aguenta tanta tristeza. Sua egoísta!

Criatura maldosa! Tenha a nobreza de ficar quieta!

E não incomode... Você não pode ser descoberta...

É mau agouro se a lua míngua...

E o seu choro, em outra língua, é puro amor, mas e daí?

Você não vê que ninguém aqui está nem aí?

O seu gemido só desperta horror. Não simpatia.

Deixa de drama! Teimosia!

Ninguém quer ler (ouvir) sobre a sua dor

Neste reduto da poesia.

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 01/05/2021
Reeditado em 24/09/2021
Código do texto: T7245399
Classificação de conteúdo: seguro
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