Quatrocentos mil
Escrevi em palavras para entronizar a imagem que a estatística nos rouba.
Nos rouba ao mesmo tempo a alma, que já não sente, não responde, não reage.
Agora ela chora os vários lutos que acimam degraus estatísticos, que subimos pedindo ter chegado ao cimo.
Mas não chegamos! E a lágrima se esforça para vencer o torpor que já não resulta em indignação.
E pilhas de mortos vivos se formam esperando o momento da tristonha nos levar.
De desesperança, de inanição, ou de punho levantado, por não aceitar essa condição.
Aí você grita se junta num lamento que aumenta. Reconhece que o punho ao lado é seu irmão, mais outro no sofrimento talhado
Quando vê somos milhões!
De sonhos, de futuros, de CPFs.
Reconstrução, Revolução, Ação
Futuro nas mãos!