A vida é tão frágil, aqui estamos e num piscar de olhos ... 'Puft' ... não existimos mais.
É engraçado como raramente pensamos nisso, sendo que a nossa partida é única certeza que temos desde a nossa chegada.
Não percebemos quanto é maravilhoso respirar até o momento em que o ar fica rarefeito, e então, nos damos conta da nossa brevidade.
Amanhã eu vou, amanhã eu faço, amanhã eu digo, eu conquisto, eu abraço, eu amo ... amanhã, amanhã, amanhã. Mas talvez esse amanhã nunca chegue e o abraço se extravie pelo caminho, a conquista morra com os sonhos, o amor vire silêncio e tudo se torne um vazio frio e solitário.
E, o que vem depois? Depois que os lábios se cerram e as palavras se perdem em nós? Me diga o quê há de atraente do outro lado que me impede de viver toda essa fragilidade do lado de cá, eternamente?
Eu ainda quero sentir o calor do sol na minha pele, o vento sobre meu rosto, quero ouvir o cantarolar dos pássaros, ver as folhas das árvores se agitarem em seus galhos, quero me banhar na chuva e ver a lua desfilar toda nua entre as estrelas, quero sentir os versos, ser poesia, rima, risada, gargalhada que contagia.
Deixe-me gritar, sentir minha dor, o ardor do amor, o gosto do beijo, o cheiro da flor colorindo meus pulmões, ainda tenho tanto pra agradecer... Deixe-me viver, viver cada detalhe que me queima a alma, cada linha crua que me convida a escreve-la, cada pôr do sol que diariamente clama pelo beijo do horizonte.
Eu quero viver essa efemeridade a cada segundo, sem me importar com a sua eternidade e se, do outro lado o eterno me fizer morada, que eu seja do lado de lá, um poema passado a limpo, e que a leitura seja mais clara, mais leve e mais pura.
E que não seja breve a eternidade de todo sentir, e que ela comece aqui, no efêmero sopro de existir.