O PLÁTANO
Prosa poética à Terra
Todo ano eu busco por ele, naquela esquina de sempre.
Sempre...algo como do verbo voltar ao que já foi.
Dentre o tudo que não é mais.
Hoje nos vimos...ambos numa mudez de cortar a circulação dos fluxos.
Dessa vez ele está ali, sei que sem estar, quieto, pálido dum tempo de fumaça, emergido da terra por missão, já algo diferente, como se cada folha oxidada de seu outono evitasse o chão árido, pavimento de Terra sofrida, maquiada de vida que desfolha uma a uma, como ele em lágrimas, sem oxigênio pelos caminhos; qual metáfora do destino das gentes que, decíduas, caem e se encaixam sobre um profundo veio de asfalto rachado...a fugir do destino das tantas vidas idas no silêncio que ninguém ouve.