"A sorte de um amor tranquilo..."
Eu percebi que era sério quando me senti envergonhada por não demonstrar tanto quanto ele demonstrava. Quando vi que tudo me lembrava ele e mesmo o que não lembrava me encantava pela possibilidade de um dia lembrar ("Imagina a gente assistindo ao nascer do sol...")
Percebi quando as lágrimas escorriam pelo meu rosto na hora dele descer do ônibus, sem que eu conseguisse controlar. Quando listei os motivos pelos quais sou grata por ele existir. Quando vi que o que mais me atraía nele não era o fato de me fazer feliz, mas o simples e misterioso fato dele existir. O mundo não é tão duro com a presença dele e a saudade não é uma abstinência paralisante, é um travesseiro gostoso no qual apoio a cabeça toda noite antes de dormir. Até minha insônia ficou mais bonita quando dormimos juntos. Lembrando de músicas antigas e vendo ele dormir, pensei que tenho inveja dos que têm sono tranquilo.
Escrevo isso porque tenho escrito coisas muito pesadas esses dias. Queria escrever algo leve e reconfortante. Algo como esse amor tranquilo que tive a sorte de encontrar e que agora enfeita as janelas da minha alma mesmo nos piores dias.