As cartas não mentem
Escrevo cartas destinadas a quem me faz parar no tempo. Em época de mensagens instantâneas, em que tudo é passado de forma resumida e objetiva, acho um alívio poder escrever algo por mais de meia hora que sei que vai ser lido com paciência e atenção. Gosto de escrever cartas, ver minha mão deslizando sobre o papel e criando marcas tão próprias como minhas digitais. Diferente do teclado, que sempre leva os resultados dos meus comandos a quem recebe a mensagens, sinto que meu próprio corpo é uma máquina quando escrevo. E numa dança elegante de corpo inteiro, saem as mais lindas cartas. Gosto de escrever cartas. Elas não mentem. São meu próprio corpo dizendo aquilo que guarda, é minha própria alma pintada e grafada em papel. Por isso gosto de deixar cartas escritas a quem amo.