Eu como intérprete de mim
Eu escuto o que tens a dizer, sei traduzir em minhas palavras tuas intenções, mas não tão bem como em tua própria língua. Tua longa pausa entre uma fala e outra, seguida de um assalto aleatório: minha timidez. Talvez seja um erro querer definir em minha língua cada palavra tua. Eu sei bem como é ser indefinível às vezes. É só um vício meu. Vício estranho esse... Eu sei traduzir os sentimentos de todos, menos os meus. Peço que entenda. É difícil como cortar os próprios cabelos.
Sei que me deleito em sua língua, mas agora preciso aprender a me traduzir também. Preciso ser intérprete de mim. Sua língua e seus beijos já não me saciam mais, enquanto eu não souber do que tenho fome, ficarei assim, agoniada, insaciada...