Um indivíduo casulo

Eis aqui o indivíduo solipsista.

Dele, para ele, e por ele, emanam as virtudes.

O sujeito solipsista é tão egoico que se nega a reconhecer outros ao redor. O mundo, farto e dinâmico em sua essência, porque diversificado de seres e saberes, se diluiu como bolas de sabão soltas no ar quando colocado aos olhos do solipsista.

Nada mais importa.

Nada mais interessa.

E então, imerso em si, esse indivíduo, como um deus, se apresenta como se todo o resto dele emanasse.

Ele é a fonte.

Atravéz dele as flores perfumam jardins.

Atravéz dele, os pássaros cantam, os rios fluem, as estrelas brilham. Para o indivíduo solipsista, tudo é, se nele há.

Tudo é, se dele vem.

O indivíduo solipsista é um solitário.

Um ensimesmado. Um ser que não suporta sua imagem no espelho, posto que no espelho, outro há.

Não suporta a ideia de haver, além dele, qualquer outra coisa que lhe tire a onipresença.

O inivíduo solipsista, por mais que o mundo gire, e com ele, novos acontecimentos surjam, não concede, nem por breve instante, a mínima possibilidade de se comungar com os outros.

Encastelado em si, o indivíduo solipsista, como alicerce e estrutura da mesma construção, se solidifica e se eterniza em si.

Engenheiro de si, o indivíduo solipsista não aceita dois.