Repouso eterno
Ele compõe poesia no porão.
Mas por que?
O lugar o inspira?
Parece que sim.
Uma analogia da poesia
com o submundo,
nas profundezas.
Isso é muito estranho, afinal,
o porão lembra um lugar sujo,
insalubre, macabro.
Ele acha que é preciso
descer ao submundo.
Segundo ele a poesia é servil,
subserviente, subversiva.
Ela dever ser rebelde por natureza.
Poesia no porão, devo desacreditar?
Não. A poesia no porão
não é desqualificada.
Não perde a sua excelência.
Um dia os mecenas buscarão a poesia
no porão, e apreciarão tais beletristas.
Os poetas comporão neste lugar
onde seus versos, suas odes,
suas trovas, florescerão.
e porão poesia no porão,
O desespero da poesia que grita,
o tormento, o golpe final,
ante o último suspiro,
e dirão em suas queixas contritas:
Requiem aeternam!
Edir Araujo
Copyright@2017 todos os direitos reservados
Autor de A passagem dos cometas, Risos e lágrimas, A boneca de pano, Fulana (inédito) e muitos poemas, crônicas, contos, microcontos e artigos publicados na web "ad aeternum".