Ancestralidade
Qual é o teu lugar no mundo?
Aonde me encaixo neste?
Sinto-me como se não vivesse a minha realidade.
Aqui é tão surreal –
As peças de um quebra cabeça totalmente fora do seu espaço,
Não sei o que é viver.
Palavras não se conectam –
Explodem gerando um impacto negativo –
Flutuam numa atmosfera gravitacional.
Os iguais espelhos não refletem a mesma vivência.
Corpos –
Genética –
Nada se fundem.
A alma –
A essência –
Ímpar.
Assim, torno-me o próprio latifúndio,
Onde recrio as regras para aqui sobreviver.
O mundo lá fora desconheço –
É completamente fora do contexto de tudo o que já vivi.
A minha verdade é oposta –
E longe do que algum dia almejo.
Intenso desassossego –
Constante perigo.
Pareço uma estranha –
Uma alienígena fora do seu planeta.
É tão contraditório dizer...
Desde que me entendo por gente –
Por pessoa –
As impressões foram dando lugar as certezas:
Não sou deste tempo –
Não faço a menor ideia de como vim parar aqui,
Submetida a uma pressão –
Com regras e afins –
A natureza é a minha morada.
Às vezes, chamam-me de louca –
Outras vezes, fasso-me ensandecida –
Para ignorar a crueldade que existe lá fora -
Tentando me alcançar.
Como brinde –
A ansiedade impregnando o meu ser –
Transformando-se em um fantasma –
Que sozinha procuro exorciza-lo.
A cada novo amanhecer é um campo de batalha –
Uma luta a ser travada –
Uma guerra interna a ser vencida.
Eu sei que através das dimensões nunca estarei sozinha.
Mesmo que de certa forma, o amor não se faça presente.
Há um alicerce em meu âmago...
Toda a ancestralidade me guia –
Para que o mal seja superado –
Realizando assim para que o bem sempre prevaleça.
Por mais que seja dolorido -
Talvez penoso...
Machucada –
Sangrando –
Resisto!
Porque há uma promessa:
Tudo ficará bem!