Fora de Rumo

Título Alternativo: O que acontece quando se mistura desânimo com presunção

Estou flutuando

Como se o sangue em meu corpo

Houvesse se transformado em vinho

Como se cada gota de chuva do temporal de fim de tarde

Fosse uma lágrima que não consegui chorar

Perdi o sentido das coisas várias milhas atrás

E nem posso ficar chocada porque isso acontece o tempo todo

Como quem perde o guarda-chuva ou as chaves do carro

Confesso que costumava ser mais fácil reencontrá-lo

Mas faz tempo que as coisas deixaram de ser fáceis

Tudo continua girando

Como um planeta que escapou da gravidade

E não sabe que canto do Universo explorar primeiro

Tudo é grande e me assusta

Como os monstros que só as crianças entendem que estão embaixo da cama

Não importa para onde eu gire

Não importa o tamanho do entusiasmo

O resto do mundo ainda está preso à gravidade

E não se fascina nem um pouco com piruetas aleatórias

Estou fora de rumo

E não tenho vontade de voltar

Estou em algum lugar que poderia ser bonito

Se eu recuperasse o brilho que tinha no olhar

Não sobrou muita esperança por aqui

E já não sei o que fazer para me salvar

Sou muito fraca para me importar

E muito forte para simplesmente deixar pra lá

Eu não estou forte hoje

E se por algum remoto acaso o mundo achar que precisa de mim

Que o sentido que perdi faz sentido

Então vai ter que esperar