Todo verbo e toda fala
Não tem dia em que não vasculho as minhas coisas só para ver se estiveste por aqui.
Se sinto o teu perfume que inventei para me atontar, abraço a tua alma como se já não tivesse partido.
O desencontro dá lugar a um poema que lhe faço com temor de adolescente. Simples, com rodas e rimas, cirandas de palavras doces e gentis.
Não que é feito para enganar, iludir, posto que é causa desse amor e não efeito.
Cada verso pulsa em meu peito com ardor incomum. Salta num passo criança e abranda em cada sílaba o que a alma tateia.
Sim, porque em nada és vulgar, mas seus olhos entendem o que ando a clamar.
Vês aqui um pouquinho, ali outro. Juntando tudo, são enlevos que falo baixinho, mas não há palavra que não lhe diga.
Verbo que não seja para ti, ou, quando muito, para não dar o que falar, partindo daqui lhe tendo em mente, mente que vai para outro lugar.