Enquanto tu dormes
Quando a madrugada soletra silêncios deixando brisas soltas entrarem pela janela e, em ternuras, tocarem teus cabelos e teu corpo nu, ouço primaveras desabrochando em teus poros. Sou de afagos nômades que residem nos desejos e que, deixados na palma das mãos e nos lábios, fazem morada em cada milímetro de tua pele. Acaricio-te e beijo-te toda.
A lua rasga poesias e as joga, em confetes, para orvalhos colecionarem viagens até caírem no chão. Flutuo nessa mágica de espiar tua serenidade, tal qual essa do luar, enquanto tu dormes.
Os lençóis deleitam-se de perfumes. És sensual e sexy. Pareces sonhando pelos horizontes quietos, escondidos no cerrar das pálpebras, nesse descansar merecido. Lindas tuas curvas, incitando meus desejos. Sou pouso de saudades pelo amor feito há poucos minutos, quando alçamos vôos em prazeres. Deixo-te dormir, para que a manhã revele-me teu sorriso em alacridade e doçura, e teus braços cinjam-me a cintura e o peito, num abraço de bom dia.
Recosto-me em teus seios.
O abajur enlaça um pouco da claridade, deixando o quarto em outonos, pela cor amarelecida da lâmpada. Então, nos acordes da manhã, e na luz que desponta de teu olhar, faço-me jardim florescendo, para deixar pingar pétalas no chão de nossos beijos, quando dos lábios e corpos colados encontramos o éden.