ENTREGAR-ME? JAMAIS!
Ah, essa coisa de velhice
Eu até tento, mas juro, não acostumo
Em meu pensamento sou menino
Mas vem o espelho em desatino
E me mostra um filme de terror
Rugas, marcas de um tempo que já passou.
Ó espelho maldito, me deixa em paz
Essas rugas não fazem parte do meu ser!
A pressão nas alturas me diz
É hora da maldita Losartana
E o relógio desavisado desperta
Para me lembrar que as horas passam.
O diabetes me ataca, mais remédios
E o pensar na morte me provoca tédio.
O fato é que já sei que o fim se aproxima
Isso já me deixa sem muito clima
A terra fria já rodeia meu corpo
E um jovem diz: mas que velho louco...
F....se, eu quero é viver o que me resta
Com ou sem remédio vou viver intensamente
E a morte, ela que lute para me pegar, mas
Se ela pensa que vou me entregar, engana-se.
JOEL MARINHO