A TRAGECOMÉDIA DA VIDA
A. TRAGECOMÉDIA DA VIDA
A tragédia e a comédia são almas gêmeas:
mães do riso e da dor.
E desde o começo do mundo vivem em um constante diálogo:
Entre o riso e o de sabor.
- Óh! Tragédia, mas que desventura é a tua!
Quantos castelos desfeitos, quantos sonhos sepultados!
- Óh! Comédia, não te faças de dissimulada.
Não vês que o teu filho é simplesmente ironia
com máscara e fantasia!
- Não irmã. Estai puramente enganada.
Eu sou sim a mãe do riso,
e se deformo é na alegria.
- Pelo que sei, o riso é algo que de tão doce,
simplesmente, extasia.
Não há alguém neste mundo
Que viva somente ao sabor da emoção!
- Claro que não! Também concordo.
Há de existir o equilíbrio.
Há de existir a razão.
Mas estas não vem de ti.
- Nisso eu também concordo.
Nem me acho na presunção
de tal responsabilidade.
Mas é só quando minha filha passeia
que acontece um gesto de solidariedade.
- A Humanidade agoniza
e você vem me falar de Amor
provocado pela amargura da dor?
Nem queiras me convencer
que és tu, um mal necessário
para que...
os que se dizem humanos
se tornem mais solidários.
- Cara irmã!
Não sejais tola!
Nem tão pouco inocente.
E preste um pouco atenção:
Enquanto teu filho, em tom sarcástico, em cena
ironiza e satiriza.
É nos escombros da dor,
que a humanidade agoniza
para entrelaçar as mãos
num gesto Universal de Amor.
(Osvaldo Resquetti
13/06/96)