Demasiado de Si Mesmo
Gostaria de ir e depois voltar, para saber o que diriam, ou até pensariam!
Se eu realmente fosse.
Talvez pensariam que me faltou amor;
Outros diriam: “Foi porque tinha de sobra!”
Penso que o amor não resolve tudo.
Pensariam até que eu tinha muitos vícios e pouca ocupação — ou diriam que viciei-me em minhas ocupações;
Em realidade, meus vícios se tornaram preocupações
E depois, ocupei-me com vícios por preocupar-me demais.
Todos diriam que me faltou tratamento, e alguns, poucos, até diriam que faltou quem me ouvisse de verdade;
Muitos pensariam que tomava remédios demais, que tinha perdido o juízo, e que falava apenas insanidades;
Nunca achei que fosse realmente doente.
Uns me achavam calado demais
Outros tagarela.
Uns me tomariam por andarilho
Outros por prisioneiro;
Creio que andei demais em círculos. Calei-me na inquietude, e quando decidi falar, foi pelo constrangimento do silêncio.
Procurariam culpados, razões, respostas
Para preencher as lacunas daquilo que não se conhece,
Nem se sabe, e que ninguém nunca soube e nem vai saber:
O mistério — A inquietude
"Talvez a razão é que foi por amor ou falta dele"
"Ou a culpa seja da sociedade"
A resposta, pensariam, só pode ser uma:
“Esse não tinha jeito”
Diriam que foi cedo, por ter muitas qualidades;
Ou muito tarde — pela quantia de defeitos.
“Afinal, não quis ouvir conselhos”
“Não se abria pra ninguém”
“Não ajudou-se, também”
Se eu realmente fosse, de algo estariam certos,
Nunca tive realmente nada.
Nem aos outros,
Nem a mim mesmo.
Ou talvez...
Quem sabe... Bem,
Demasiado de si mesmo.