desumanização

Já estou exausto de toda maldade que habita o espírito humano. Vítima de tantas vilanias, me pergunto: é humano tanta torpeza e tamanho gosto pelo terror? Ah, minha alma dilacerada, chora a dor do espírito. Choro pelo irmão animalizado. E, animalizado já não transita a estrada do afeto.

Um rei que despossuido de magnânimo senso coletivo, ancorado nos ombros de tantos outros ignaros iguais a ele, não cessa sua torpe arrogância. E então, sem um anteparo a tanta horripilante e nefasta realeza, aflora, como brotos em campo recém cultivado, corpos insepultos. Indiferente a tudo e desumano que é, o rei ri como se anunciasse o grande espetáculo da morte.

Debruçada sobre o cadáver ainda quente do jovem iludido, a mãe chora sobre o corpo rijo do filho inerte. Chora pela perda. Chora pela humanidade perdida em aparições espetaculares do indigno rei. Do rei sem coração. Do rei que vibra a morte como se festejasse o nascimento de um filho.

O anunciador do nefasto quadro, se regozija como a medonha ave visitante das mentes perturbadas de tempos idos. Todavia, o rei, tomado de fausto prazer, ignora o que derredor se passa; apenas ri. E a humanidade se apequena, se exauri, se desumaniza.