Minhas mãos
Minhas mãos vão esmaecendo
Minha vida vai descolorindo
Vou colorindo a minha vida.
São pontos, são pintas,
Amarelos, marrons e matizes
esbranquiçados.
Minhas mãos vão envelhecendo
São rugas, rusgas, tintas.
Respingo flautas, notas, con-fusas.
Dedos de morta, dedos-duros.
São vãs melaninas que se vão das meninas que crescem, envelhecem.
Avança o tempo, o vento,
Avança sobre mim a dívida solar.
Sigo tremelicando, esmaecendo, amarelando
as mãos virtuosas de outrora, de choros,
rondós e allegretto's.
Vou esticando meus dedos no ritmo da agonia,
Tocando os minutos eufóricos da existência
Sem nenhuma euforia.
A pausa da breve em oito intermináveis compassos, faz do silêncio a sinfonia grave, esbranquiçada e morta de meus dedos e de minha vida.