Mãos

Minhas mãos vão esmaecendo

Minha vida vai descolorindo

Vou colorindo a minha vida.

São pontos, são pintas,

Amarelos, marrons e matizes esbranquiçados.

Minhas mãos vão envelhecendo

São rugas, rusgas, tintas.

Respingo flautas, notas, con-fusas.

Dedos de morta, dedos-duros.

São vãs melaninas que se vão das meninas que crescem, envelhecem.

Avança o tempo, o vento, avança sobre mim a dívida solar. Sigo tremelicando, esmaecendo, amarelando as mãos virtuosas de outrora, de choros, rondós e allegretto's.

Vou esticando meus dedos no ritmo da agonia, tocando os minutos eufóricos da existência sem nenhuma euforia.

A pausa da breve em oito intermináveis compassos, faz do silêncio a sinfonia grave, esbranquiçada e morta de meus dedos e de minha vida.

Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 10/04/2021
Código do texto: T7228885
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