Não me dê presentes, se não for para ter futuro.
Não me traga flores, se não for capaz de cultivar meu jardim.
Não decore o meu coração com amor, se nele não for morada.
Não me prometa as estrelas, se não for meu céu em noites escuras.
Não me traga romances, pois românticos vivem de ilusão, e eu anseio a realidade.
Não me dê razão, pois a razão é para os corretos, sendo que, com o errado eu cresço. 
Não me prenda em seus valores, quando valoroso mesmo é a escolha de aprisionar-me no que eu quiser.
Não me trace regras, não exija de mim aquilo que nem você está apto a oferecer.
Não me traga sentimentos abstratos, quando tudo o que eu quero é a solidez de algo concreto.
Não me sorva em goles de prazer, pra na manhã seguinte me vomitar em seu esquecimento.
Não me descreva em seus versos, exaltando de mim aquilo que não cativas.
Não me queira em pedaços, pois sou alma inteira e não mendigo abraços.
Não me trague à deriva em seus lábios, pois não sou cigarro para manter o seu vício aceso.
Não me digas o que fazer, eu sei o que faço e o nó do meu laço dou onde quiser.
Não me imponha limites, sendo que o absurdo é a lucidez da minha razão.
Não corte as minhas asas, pois no meu caminho tudo é incerto até que seja provado.


 
Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 09/04/2021
Reeditado em 09/04/2021
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