Borboletou com a Asa Dura 16
Ficar só, dependurada nas alturas é assumir de outra forma o egoísmo.
Querer que todos vejam conforme seus olhos é a profanação do amor incondicional proposto por Cristo.
Estagnar a vontade na contemplação é o mesmo que obstruir o caminho para a seiva, vida continuar seu fluxo no interior.
Cristo ao dizer “Vou preparar-vos lugar”, demonstrou prontidão e serviço, gestar a alocação dos seres na moradas celestiais, numa demonstração clara de disposição, ardor pelo propósito, amor indeclinável aos seres que aqui ficassem.
Água parada oxida.
A prontidão leva o espírito a manter-se desperto. O mundo continua no curso.
A corrente da vida pede o seguimento, daqueles que realizam e realizarão a construção e manutenção da sociedade na Terra. Dentre eles, o padeiro na amassadeira, o ferreiro na fundição, o gari na coleta do lixo, o coveiro enterrando os cadáveres que carregavam almas, o guarda do dia e da noite na vigilância da cidade, o cientista que predispor a investigar com a visão da lógica e da intuição despertas, o médico e o enfermeiro na luta pela cura dos doentes, o artista no exercício da capacidade criativa, na pintura, na mão à caneta sobre o papel em branco, o professor no arrebanho da geração em formação para apropriação desta da cultura, o erudito na visão direcionada no espectro cósmico tentando entender a mensagem dos acontecimentos, o religioso que tiver preparado para viver a realidade daqui e da outra vida como Uma.
Estar aqui e lá, onde termina o primeiro e último tijolo da matéria, é estar no limiar da realidade, onde o ser arrisca olhar para o infinito buscando ressonância com o que sente no coração, a certeza da eternidade, ou a caída no buraco da insignificância.
Quando tudo começa fazer sentido, as peças vão juntando, formando Eu e o mundo como realidade, cada um vivendo o que os representam.
Não seriam os salmões filhotes, se na dança do acasalamento seus genitores não se doassem para realizar o percurso do acasalamento, para depois renderem-se à morte predeterminada pela biologia de suas constituições.
Muito menos a vida dos corais, se cada parte não atuasse no conjunto, e para o conjunto.