TEMPOS DE TREVAS
TEMPOS DE TREVAS
Tempos de violência... ao estado, às instituições e aos indivíduos que, manipulados pela horda do mal detentora do poder, assistem passivamente à sua própria deterioração e destruição.
Tempos de intolerância... às minorias, aos diferentes e aos indivíduos que, agredidos em sua essência de ser, sofrem com a discriminação de gênero, número e raça.
Tempos de injustiça... ao direito, à sociedade e aos indivíduos que, ignorados como sujeitos do tecido social, perambulam iguais a zumbis sem vontade.
Tempos de sofrimento... ao homem, à consciência e aos indivíduos que, inerentes às intempéries da vida, persistem numa existência sem sentido.
Tempos de medo... do presente, do futuro e dos indivíduos que, regredidos aos seus estados de natureza fazem com que a ação de muitos seja limitada pela força de poucos.
Tempos de incerteza... na vida, em si mesmos e nos indivíduos que, cansados de tanta decepção, nada esperam de novo no devir existencial.
Tempos de indignação... nas autoridades , nas organizações e nos indivíduos que, arrogantes por natureza, se arvoram como juízes implacáveis.
Tempos de tristeza... pelo mal que predomina, pelo desprezo à vida e pelos indivíduos que, indiferentes à compaixão humana, se deixam levar pelo egoísmo.
Tempos de acomodação... dos homens de bem, dos justos e dos indivíduos que, medrosos em suas zonas de conforto, aceitam tudo passivamente.
Tempos de desencantamento... dos românticos, dos poetas e dos indivíduos que, na claridade da lua cheia e no matiz do pôr do sol, acreditam em suas ilusões.
Tempos de mentira... dos nefastos, facciosos e indivíduos que, mais do que seus interesses, apostam no aviltamento da condição humana
Tempos de angústia... do ente, do mundo e dos indivíduos que, ao nascerem, achavam que seriam eternos, desprezando assim, a condição de finitude do ser ai.
Tempos de morte... da justiça, do correto e dos indivíduos que, alienados e ignorantes, caminham por uma estrada que leva ao desalento e niilismo.
Marco Antônio Abreu Florentino
Quando a gente pensa que a humanidade evoluiu o suficiente até o século XXI, para uma convivência social civilizada, justa, amorosa e solidária, descobrimos, numa mistura extemporânea e inimaginável de espanto, indignação, indiferença e omissão, que caminhou imperceptivelmente e talvez inconscientemente, para trás, regredindo para comportamentos que margeiam a barbárie.
Estou me referindo a todas as crianças violentadas, assassinadas e torturadas, sejam por seus pais, familiares, sociedade e estado, instituições que deveriam estar protegendo e viabilizando um futuro digno de estudos, lazer, paz, bem estar, alegria e felicidade para elas.
Na condição de pediatra há 38 anos, atendendo crianças em três regiões brasileiras, tenho vivenciado todo tipo de situação que colocam em risco suas integridades.
É intolerável e insuportável que ainda assistamos cenas ou notícias repugnantes de violência, fome, exploração e injustiças contra elas, em todos os cantos da Terra.
O grande desafio da ciência médica, através da psiquiatria, como também da psicologia, sociologia e antropologia para compreender e identificar precocemente a psicopatia, ainda está longe de ser vencido.
Ora, um país que elege um terrorista psicopata como seu principal representante, não pode esperar outra coisa dessa sociedade.
Com profunda tristeza, indignação e desalento com a humanidade, faço um tributo póstumo ao garoto Henry Borel, torturado e assassinado covardemente pelo padrasto com aquiescência da mãe, assim como a pequena Isabella Nardoni e tantas outras crianças, anônimas ou não, que sofreram e continuam sofrendo com a barbárie humana.
https://youtu.be/zgQE68JEU_I
(Second Coming / Ballad Of Dwight Fry - Alice Cooper)